Em resultado da picagem diária de
estrada que liga Empada à bolanha de Ualada, foram detectadas 2 minas
anti-carro TMD, montadas paralelamente de forma a serem accionadas em
simultâneo pelo rodado da frente de uma viatura. A Secção de Milícia que
procedia à picagem do referido itinerário ligou via rádio ao aquartelamento,
tendo-se deslocado imediatamente ao local uma equipa especializada em Minas e
Armadilhas, que procederam à neutralização e levantamento das mesmas. A
referida equipa era constituída pelo Alferes Miliciano Luís Afonso e pelos
Furriéis Milicianos Olival e Maria. Ao continuar-se a picagem do mesmo
itinerário, foi detectada e levantada uma mina anti-pessoal reforçada PMD-6.
Neste mesmo dia, cerca das 13H00, elementos da população sob controlo IN, que
se dirigiam a Empada, accionaram uma mina anti-pessoal. Os restantes elementos
dirigiram-se para esta localidade de Empada, e alertaram o Comando local, que
ordenou a saída duma força armada a fim de recolher os feridos. Chegada ao
local verificou-se que um homem estava morto e que uma mulher apresentava
esfacelamento de uma perna e que se encontrava em estado bastante grave, devido
a hemorragia. Imediatamente socorrida foi depois evacuada pela FAP. Segundo
informações recolhidas, julga-se que a implantação destas minas é uma reacção
do IN ao transporte que fizemos do morteiro 10,7 agora instalado em Ualada, de
onde se poderá atingir com maior eficácia as bases de fogo do IN.
COMPANHIA DE CAÇADORES 3566 - GUINÉ - 1972/74
Blogue que tem como objectivo contar as pequenas estórias vividas por cada um dos METRALHAS e que acabam por fazer a história de OS METRALHAS DE EMPADA (e Catió)
HISTÓRIA DA CCAÇ 3566 - 1º. - FORMAÇÃO
segunda-feira, 18 de junho de 2012
sábado, 5 de maio de 2012
ATAQUE A NOVA COIMBRA-CATIÓ - OUTº 73
Mensagem de Olvaldo Colaço Pimenta - Furriel Miliciano Atirador - chegou a Empada em 4 OUT 73 e em 26 OUT 73 foi destacado para Catió:
O mais marcante para mim,foi numa tarde de Outubro de 1973 uma ataque de foguetão 120 perpetrado pelo PAIGC que atingiu Nova Coimbra-Catió e que infelizmente atingiu um grupo de crianças que inocentemente jogavam á bola.
Foi uma Berliet ao local para evacuar os feridos e mortos? para serem tratados dentro do quartel de Catió.
Felizmente havia medicos em Catió. Hoje não sei se haverá.
Mensagem de Joaquim Pinheiro da Silva - Soldado Atirador - destacado em Catió:
Pimenta... mais propriamente, foi no dia 8/10/73 por volta das 18,10... Tenho apenas um apontamento (não sei se é correto), foram +/- 9 granadas de foguetão 122m/m ( o meu 19o. ataque de armas pesadas)..Hoje ainda trago na memória o barulho... inconfundivel de uma "saida"... (um barulho assim meio parecido com um trovão ao longe, e depois de alguns segundos "aquele" silvar misturado com a cadência do sopro que o projetíl provoca) Pena que apenas tenha anotado as datas...deveria ter acrescentado o histórico. Abçs. de cá do outro lado do Atlântico
NOTA DO EDITOR:
Infelizmente este facto não consta da História da CCAÇ 3566. Deve haver um lapso de datas; a ser verdade que o Pimenta chegou a Catió em 26 Outº, este ataque não terá acontecido a 8. A esclarecer num futuro próximo.
terça-feira, 1 de maio de 2012
A PRIMEIRA BAIXA - 30 de Abril de 1972
O primeiro desaire sofrido, seis dias depois da chegada ao "mato":
24 de Abril de 1972 - A CCAÇ 3566 chegou a Empada depois de concluído a IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, em Bolama.
30 de Abril de 1972 - Durante uma acção de treino operacional, o Fur. Mil. Manuel Fernando Mota Silva Braga accionou uma mina anti-pessoa,l do inimigo, em Missirá Beafada.
01 de Maio de 1972 - Foi evacuado para o Hospital Militar de Bissau, por ferimentos em combate.
Posteriormente foi evacuado para a Metrópole, não tendo voltado mais à Companhia.
Reside actualmente em Braga.
24 de Abril de 1972 - A CCAÇ 3566 chegou a Empada depois de concluído a IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, em Bolama.
30 de Abril de 1972 - Durante uma acção de treino operacional, o Fur. Mil. Manuel Fernando Mota Silva Braga accionou uma mina anti-pessoa,l do inimigo, em Missirá Beafada.
01 de Maio de 1972 - Foi evacuado para o Hospital Militar de Bissau, por ferimentos em combate.
Posteriormente foi evacuado para a Metrópole, não tendo voltado mais à Companhia.
Reside actualmente em Braga.
domingo, 29 de abril de 2012
OS DIAS E AS SOMBRAS DO CAJU
Fernando Peixeiro – Agência Lusa
Bissau, 26 abr (Lusa) - Milhares de guineenses vivem por estes dias à sombra das árvores e das incertezas, apanhando caju, o principal produto que a terra dá, mas sem saber se, devido ao golpe de Estado, o poderão vender.
Homens e mulheres, novos e velhos, deixaram as cidades e começaram um trabalho de quatro meses, sem pensar muito nas voltas e reviravoltas políticas e militares de Bissau mas sabendo que delas depende o seu futuro.
É o caju que faz viver a Guiné-Bissau. Os relatórios do FMI referem o produto, que consoante boa ou má campanha faz subir ou descer o produto interno bruto. Na Guiné-Bissau, 85 por cento das pessoas das zonas rurais são pequenos produtores e no total o país exportou em 2011 quase 200 mil toneladas de caju, que renderam 156 milhões de euros (segundo o presidente da Comissão Nacional do Caju).
São números que agora pouco importam. Como pouco importa o golpe de Estado de dia 12 e que deixou o país mergulhado numa crise sem vim à vista. Pouco importa o que vai na praça (centro de Bissau) para Augusta Djú, pouco importa para Paulina Có, pouco importa para uma idosa de Prabis (arredores de Bissau) que fica grata por vender quatro mangas por mil francos (1,5 euros) e poder comprar um quilo de arroz.
"Só tenho manga verde e caju para dar aos meus filhos", queixa-se outra mulher, não muito longe de onde Paulina Có passa as manhãs a encher baldes de caju.
"Seis bacias por dia", conta à Lusa Paulina Có, moradora de Bissau mas nascida em Prabis, onde volta todos os anos para a apanha do caju. Sai cedinho com os baldes e bacias e é fácil enchê-los, porque não se passa um minuto que não se oiça mais um caju a cair.
Apanha-se apenas a fruta que cai. Paulina leva tudo, o fruto seco (a castanha) e o fruto em si, polposo e sumarento. Depois tira a castanha e passa a tarde a esmagar o fruto (o pedúnculo) para um bidão. É da "água de caju" fermentada que se faz o vinho, afinal o único proveito que tem, porque a castanha do caju pertence ao dono da quinta.
Como Paulina são milhares de apanhadores e de fazedores de vinho. Augusta Djú não tira as mãos dos pequenos frutos entre o verde e o cor de laranja quando diz que "a campanha deste ano não presta" e que "não há nada para comer".
Nos dias anteriores, e nos próximos certamente, lá estará a fazer "água de caju" (o vinho é só depois de fermentado o sumo). Uma luta diária: "Se conseguir hoje para comer, tenho de começar logo a pensar no dia de amanha".
"A castanha de caju custava por quilo 250 francos mas agora só estão a dar 200, não dá nada. As pessoas estão sentadas à espera, toda a gente está com medo de fazer esta campanha, não temos nada, só fome", queixa-se, também ela sabendo que o golpe de Estado pode levar a que ninguém compre o caju da Guiné-Bissau.
"Não sei, não sei, pode ser comprado ou não. Vamos sentar e vamos esperar", diz, agora já sem amassar o fruto.
Para já, e porque os filhos precisam de comer, vai armazenando o sumo para fazer vinho. Um bidão de 25 litros pode ser vendido, diz, até a 500 francos (setenta cêntimos), o preço de três pães e sobram 50 francos.
"O caju não é meu, o dinheiro é só o da água", diz também Paulina Có, agora já ao fim da tarde depois da apanha, à beira da estrada de Prabis, também ela a esmagar o pedúnculo. Ela e outras mulheres, enquanto crianças, muitas, brincam à volta.
Por ser quase noite acende-se uma fogueira no chão e uma das mulheres mete uma frigideira velha ao lume com castanha de caju, acabada de apanhar. Em 10 minutos está o fruto pronto para descascar. E servir de jantar.
Não se fala de política ou de políticos, de golpes de Estado ou de militares. Nem dos 10 milhões de euros que o governo arrecadou em 2011 só em receitas alfandegárias. Nem do milhão e meio de toneladas de polpa (rica em vitamina C) que foi desperdiçada. Nem dos 333 francos que custou cada quilo vendido no ano passado. Nem dos 45 milhões de euros distribuídos pelo interior do país em 2010, graças à campanha do caju.
Nada se fala a não ser da fome que ameaça. E mesmo assim sempre com um sorriso grande, que só consegue ter quem está longe da "praça".
Sorriso natural. Porque, como diz Augusta Djú ainda só estão na fase de preparação do vinho. "Agora é sumo ainda, mas se se põe no bidão fermenta". E, garante, é saboroso. Quem o bebe bate palmas. E ri.
Publicada por PÁGINA GLOBAL em 11:24
quarta-feira, 11 de abril de 2012
HISTÓRIA DA CCAÇ. 3566 - Post 4 - Terreno
Cremos ser esta a altura, após cinco semanas de
permanência em Empada, em que melhor poderemos dar uma ideia da situação geral
no que respeita ao terreno, ao IN, à população civil e às NT.
TERRENO
A
Zona de Acção apresenta sensivelmente a configuração de um pentágono irregular,
limitado a Norte pelo Rio Grande de Buba, a Sul pelo Rio Tombali e penínsulas
de Caúr de Baixo e Pobreza, a Este pelo Rio Jassenca e a Oeste pelo Rio Tarna.
A distância entre Empada, situada mais ou menos a meio desse pentágono, e o
limite mais afastado da ZA é de cerca de 16 Kms. É nítida a predominância de
bolanhas, zonas de aspecto pantanoso destinadas ao cultivo de arroz, e de rios
na área circunvizinha de Empada e, portanto, penosos os itinerários que a
atravessam. É visível ainda o traçado de uma antiga estrada que ligava Empada a
Buba bem como a Catió e a Darsalame, estrada que, presentemente, se encontra
inutilizada no que respeita à circulação de viaturas. Existem apenas na ZA duas
estradas transitáveis: uma que liga Empada a Ualada (bolanha da Ponderosa) e a
outra que liga ao cais; têm ambas aproximadamente a extensão de 4 kms. Estas
são estradas importantíssimas já que através da primeira é efectuada o
transporte de arroz, alimento base da população nativa, é através da segunda
que são transportados os reabastecimentos destinados a esta Unidade. Não
existem quaisquer aglomerados populacionais dentro da ZA, uma vez que após o
início da guerra toda a população da área que não se refugiou no seio do IN, se
deslocou para Empada, procurando abrigo e protecção junto às NT. Os principais
recursos locais, dada a natureza do terreno, são a agricultura, a caça e a
pesca. As produções mais importantes, além do arroz, ainda que em quantidades insuficientes,
são a mandioca, o amendoim e o milho. Existem poucas árvores de fruto,
podendo-se no entanto assinalar a existência de bananeiras, laranjeiras,
cajueiros e coleiras. A cola, possuidora de propriedades toxicómanas, ainda que
em fraco grau, é consumida em abundância pela população nativa. Não há muitas
variedades de espécies piscícolas nos rios desta área; proliferam no entanto em
considerável quantidade no Rio grande de Buba e seus afluentes, a bicuda, e em
menor abundância a raia, a tainha e o tubarão. A caça é abundante na época das
secas, ainda que não abunde em grande variedade. Consta de gazelas, porcos e
cabras de mato, sin-sin e búfalos.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
DIA DO COMBATENTE - 9 DE ABRIL
DIA DO COMBATENTE
Celebra-se no dia 9 de Abril, dia que
marca o início da Batalha de La Lys, durante a 1ª. Guerra Mundial.
A Batalha de La Lys, deu-se entre 9 e 29 de Abril de 1918, no vale da ribeira da La Lys, sector de Ypres, na região da Flandres, na Bélgica.
Nesta batalha, que
marcou a participação de Portugal na
Primeira Guerra Mundial, os exércitos alemães provocaram uma
estrondosa derrota às tropas portuguesas, constituindo a maior catástrofe militar
portuguesa depois da batalha de
Alcácer-Quibir, em 1578.
A frente de combate
distribuía-se numa extensa linha de 55 quilómetros, entre as localidades de Gravelle e de Armentières, guarnecida
pelo 11° Corpo Britânico, com cerca de 84 000 homens, entre os quais se
compreendia a 2ª divisão do Corpo Expedicionário
Português (CEP), constituída por
cerca de 20 000 homens, dos quais somente pouco mais de 15 000
estavam nas primeiras linhas, comandados pelo general Gomes da Costa. Esta linha viu-se impotente para sustentar o
embate de oito divisões do 6º Exército Alemão, com cerca de 55 000 homens
comandados pelo general Ferdinand von
Quast (1850-1934). Essa
ofensiva alemã, montada por Erich Ludendorff, ficou conhecida como ofensiva
"Georgette" e visava à tomada de Calais e Boulogne-sur-Mer. As tropas portuguesas, em apenas quatro
horas de batalha, perderam cerca de 7500 homens entre mortos, feridos,
desaparecidos e prisioneiros, ou seja, mais de um terço dos efectivos, entre os
quais 327 oficiais.
Entre as diversas razões
para esta derrota tão evidente têm sido citadas, por diversos historiadores, as
seguintes:
§
A revolução havida no
mês de Dezembro de 1915, em Lisboa,
que colocou na Presidência da República o Major Doutor Sidónio Pais, o qual alterou profundamente a política de
beligerância prosseguida antes pelo Partido Democrático.
§
A chamada a Lisboa, por
ordem de Sidónio Pais, de muitos oficiais com experiência de guerra ou por
razões de perseguição política ou de favor político.
§
Devido à falta de
barcos, as tropas portuguesas não foram rendidas pelas britânicas, o que
provocou um grande desânimo nos soldados. Além disso, alguns oficiais, com
maior poder económico e influência, conseguiram regressar a Portugal, mas não
voltaram para ocupar os seus postos.
§
O armamento alemão era
muito melhor em qualidade e quantidade do que o usado pelas tropas portuguesas
o qual, no entanto, era igual ao das tropas britânicas.
§
O ataque alemão deu-se
no dia em que as tropas lusas tinham recebido ordens para, finalmente, serem
deslocadas para posições mais à rectaguarda.
§
As tropas britânicas
recuaram em suas posições, deixando expostos os flancos do CEP, facilitando o
seu envolvimento e aniquilação.
Trincheiras de La Lys |
O resultado da batalha
já era esperado por oficiais responsáveis dentro do CEP, Gomes da Costa e Sinel de Cordes, que por diversas vezes tinham comunicado ao
governo português o estado calamitoso das tropas.
No entanto, é de realçar
o facto de a ofensiva
"Georgette" se tratar duma ofensiva já próxima do desespero, planeada pelo
alto comando da Alemanha Imperial para causar a desorganização em profundidade
da frente aliada antes da chegada das tropas norte-americanas, que nessa altura
se encontravam prestes a embarcar ou já em trânsito para a Europa.
O objectivo do general Ludendorff no sector português
consistia em atacar fortemente nos flancos do CEP, consciente que nesse caso os
flancos das linhas portuguesa e britânica vizinha recuariam para o interior das
suas zonas defensivas respectivas em vez de manterem uma frente coerente,
abrindo assim uma larga passagem por onde a infantaria alemã se pudesse lançar.
Coerente com essa táctica e para assegurar que os flancos do movimento alemão
não ficassem desprotegidos, os estrategas alemães decidiram-se a simplesmente
arrasar o sector português com a sua esmagadora superioridade em capacidade de
fogo artilheiro (uma especialidade alemã), e deslocando para a ofensiva um
grande número de efectivos como se explica acima, (nas palavras dos próprios:
"Vamos abrir aqui um buraco e depois logo se vê!", o que também
indicia o estado de espírito já desesperado do planeamento da ofensiva). Nestas
condições, não surpreende a derrocada do CEP, que apesar de tudo resistiu como
pôde atrasando o movimento alemão o suficiente para as reservas aliadas serem
mobilizadas para tapar a brecha.
Esta resistência é
geralmente pouco valorizada em face da derrota, mas caso esta não se tivesse
verificado a frente aliada na zona poderia ter sido envolvida por um movimento
de cerco em ambos os flancos pelo exército alemão, o que levaria ao seu
colapso. Trata-se de uma batalha com muitos mitos em volta a distorcerem a
percepção do realmente passado nesse dia 9 de Abril de 1916.
Uma situação análoga à
da batalha de La Lys foi a da contra-ofensiva alemã nas Ardenas na parte final
da Segunda Guerra Mundial (Batalha do Bulge), que merece comparação pelas semelhanças
entre ambas. Novamente um exército aliado escasso para defender o sector
atribuído (I Exército dos Estados Unidos da América), sujeito a uma ofensiva
desesperada por parte do Alto Comando Alemão (OKW - Oberkommando der
Wehrmacht), para desorganizar a frente aliada arrombando-a em
profundidade, usando para o efeito quatro exércitos completos (dois blindados)
para atacar no sector do I exército norte-americano. A consequência foi o
colapso local da frente, com retirada desorganizada dos americanos e com
milhares a serem feitos prisioneiros pelos alemães, contido depois com as
reservas aliadas (incluindo forças sobreviventes da Batalha de Arnhem ainda em recuperação como a 101ª e a 82ª
divisões aerotransportadas) e com o desvio de recursos de outros exércitos
aliados nas regiões vizinhas (com destaque para o III Exército do general Patton), obrigando a passar duma situação de ofensiva geral
aliada à defesa do sector das Ardenas a todo o custo. Os
aliados só retomariam a iniciativa na frente ocidental passado mais de um mês.
Comparando-se ambas
compreende-se melhor a derrocada das forças do CEP em La Lys.
A experiência do Corpo
Expedicionário Português no campo de batalha ficou registada na publicação João Ninguém, soldado da Grande Guerra, com ilustrações e
texto do capitão Menezes Ferreira.
O soldado Milhões
Nesta batalha a 2ª
Divisão do CEP foi completamente desbaratada, sacrificando-se nela muitas
vidas, entre os mortos, feridos, desaparecidos e capturados como prisioneiros
de guerra. No meio do caos, distinguiram-se vários homens, anónimos na sua
maior parte. Porém, um nome ficou para a História, deturpado, mas sempiterno: o
soldado Milhões.
De seu verdadeiro nome
Aníbal Milhais, natural de Valongo, em Murça, viu-se sozinho na sua trincheira, apenas munido da sua menina, uma metralhadora Lewis, conhecida entre os lusos como a Luísa. Munido da coragem que só no campo de batalha é possível,
enfrentou sozinho as colunas alemãs que se atravessaram no seu caminho, o que
em último caso permitiu a retirada de vários soldados portugueses e britânicos
para as posições defensivas da rectaguarda. Vagueando pelas trincheiras e campos,
ora de ninguém ora ocupados pelos alemães, o soldado Milhões continuou ainda a fazer fogo esporádico, para o qual se valeu de
cunhetes de balas que foi encontrando pelo caminho. Quatro dias depois do
início da batalha, encontrou um major escocês, salvando-o de morrer afogado num
pântano. Foi este médico, para sempre agradecido, que deu conta ao exército
aliado dos feitos do soldado transmontano.
Regressado a um
acampamento português, um comandante saudou-o, dizendo o que ficaria para a
História de Portugal, "Tu és Milhais, mas vales Milhões!". Foi
o único soldado raso português da Primeira Guerra a ser condecorado com o Colar
da Ordem da Torre e Espada,
a mais alta condecoração existente no país.
(texto retirado de Wikipédia)
Cemitério Militar Português, em França |
MANUEL GALVÃO - DIA DE NATAL DE 1973
Mensagem de Manuel Galvão, Soldado Condutor-Auto, da CCAÇ 3566, actualmente a viver em Argenteuil, França, com data de 7 de Abril
Foi no
dia de Natal de 73; refeição melhorada, creio-que foi bacalhau com feijão miúdo,
não estou certo. Mas em todo caso nesse dia havia vinho com abundancia, era
zurrapa... mas havia vinho; eu atravessava um mau momento de moral e como
estava no meio de dois gajos, não me recordo dos nomes, sei que me aproveitei
da distração deles e pifei-lhes o vinho e bota e vira... Com o calor desse dia
e o fígado bem irrigado a mandar o álcool p'ro cérebro, ora fiquei queimado... Porra,
não é que peguei no meu Unimog e sem ver nada pela frente, de gás a fundo, lá fui
eu parar aonde estavam as lavadeiras (belas bajudas), por baixo do nosso
abrigo, olha foi um zum-zum nesse dia!!! Depois o Capitão queria-me mandar
prender, eu sabe Deus... Mas no fim deu tudo certo com uma boa repreensão. Mas
valha-me Deus nesse dia eu estava mesmo em perdição e ainda por cima os meus
colegas de mesa, so depois é que souberam quem lhes limpou a bebida.
sábado, 7 de abril de 2012
JOAQUIM PINHEIRO DA SILVA - EU ME CONFESSO...
Mensagem de Joaquim Pinheiro da Silva, na época já conhecido como o Brasuca, Soldado Atirador da CCAÇ 3566, com data de 6 de Abril de 2012, actualmente a viver no Brasil
EU ME CONFESSO!!!
Olá METRALHADA!!! Pois bem, eu vou começar com
uma confissão em aberto a todos... Penso que alguns sabem deste caso... os que não sabem,
vão ficar a saber.
Pois bem. O Manteigas – o nosso cozinheiro -
tinha uma galinha que ficava amarrada a um cordel (corda fina) lá no abrigo
onde dormia... penso que era próximo do forno do Jorge – o padeiro; e lá se
passavam os dias... A cada dia que passava a "gaja" ficava mais gorda
(pudera!!! comia melhor que eu!!!)... e o tempo ia passando e a galinha
"engordando".
Vocês devem-se lembrar, que eu tinha um gajo que andava sempre (ou quase) comigo... era o Gonçalves (o Alentejano), ... e num belo dia, a ideia surgiu!!!
Vocês devem-se lembrar, que eu tinha um gajo que andava sempre (ou quase) comigo... era o Gonçalves (o Alentejano), ... e num belo dia, a ideia surgiu!!!
- Eh pá!!! Vamos roubar a galinha do Manteigas?
(disse eu ao alentejano) ao que ele acatou de pronto... E lá fomos
nós... eu a roubar a galinha e o Alentejano na oficina arranjar petróleo pra
fazermos uma jantarada!!!
Fui sorrateiramente ao abrigo (com cuidado pra
não ser visto)... joguei algumas migalhas de pão para entreter a galinha (nesta
altura já bem gorda)... e pimba... pulei em cima dela, tapando-lhe o bico pra
não dar alarme...
Situação controlada... a caça já abatida... etc.,
mas... faltava alguma coisa! Eu tinha que deixar a "marca registada"... a
brincadeira (estou aqui relembrando e rindo)... o que me veio à cabeça?...
Pensei... vou cortar a perna da galinha e deixá-la amarrada na guita (como
dizia o Manteigas...). E assim foi. Roubei a galinha mas sem uma perna, a perna
ficou no cordel.
O mais engraçado da história não foi roubar e
comer a galinha... O mais engraçado foi a cara de espanto do Manteigas...
quando puxou a corda que prendia a galinha e se deparou tão somente COM UMA
PERNA!!!
(O Manteigas, de nome completo António Natal Manteigas)
(O Gonçalves, o Alentejano, já nos deixou. Era de Alcácer do Sal. Tenho uma estima enorme pela esposa Maria Clarinda e pelo filho).
(O Manteigas, de nome completo António Natal Manteigas)
(O Gonçalves, o Alentejano, já nos deixou. Era de Alcácer do Sal. Tenho uma estima enorme pela esposa Maria Clarinda e pelo filho).
quinta-feira, 5 de abril de 2012
COMPOSIÇÃO INICIAL
COMPOSIÇÃO INICIAL DA CCAÇ. 3566 | ||
MILITARES QUE PARTIRAM DE CHAVES PARA BISSAU - 22 E 23/03/1972 | ||
Capitão Miliciano | João Nuno Rocheta Guerreiro Rua | Comandante de Companhia |
Alferes Miliciano | Luís António Ventura Magalhães | Atirador |
Alferes Miliciano | Joaquim Freitas Leitão | Operações Especiais |
Alferes Miliciano | José Gonçalves Louro | Atirador |
Alferes Miliciano | Luís Filipe Alves Afonso | Atirador |
1º. Sargento | José Pinheiro Coelho | Auxiliar de Companhia |
2º. Sargento | Manuel de Jesus Teixeira | Auxiliar de 1º. Sargento |
Furriel Miliciano | Helder José Simão Guerreiro | Alimentação |
Furriel Miliciano | José dos Anjos Subtil da Luz | Atirador |
Furriel Miliciano | Miguel Augusto Vaz do Souto | Atirador |
Furriel Miliciano | Vitor Manuel Pereira da Costa Marques | Mecânico Auto |
Furriel Miliciano | António Ricardo da Luz Alves | Atirador |
Furriel Miliciano | João Manuel Lopes Teixeira | Enfermeiro |
Furriel Miliciano | Horácio Martins Ferreira | Atirador |
Furriel Miliciano | Lourenço Gabriel Valadão Vaz | Atirador |
Furriel Miliciano | Antero Francisco Carvalho dos Santos | Atirador |
Furriel Miliciano | Manuel Fernando Moreira de Sousa Braga | Armas Pesadas |
Furriel Miliciano | Orlando Relvas Maria | Atirador |
Furriel Miliciano | Vitor Manuel Dias dos Santos | Atirador |
Furriel Miliciano | Armando de Sousa | Transmissões de Infantaria |
Furriel Miliciano | Artur Leite Ribeiro | Atirador |
Furriel Miliciano | José Manuel Olival | Atirador |
1º. Cabo | Zacarias da Silva Oliveira | Condutor Auto |
1º. Cabo | José Cardoso Pinheiro | Condutor Auto |
1º. Cabo | José Augusto de Brito Lopes | Auxiliar de enfermagem |
1º. Cabo | Manuel Fernando Ferreira dos Santos | Auxiliar de enfermagem |
1º. Cabo | Antenor dos Santos Gomes | Corneteiro |
1º. Cabo | Luís Filipe Domingues Figueiredo | Escriturário |
1º. Cabo | Diamantino Pereira de Oliveira | Mecânico Auto |
1º. Cabo | João Paulo Machado Ribeiro de Matos | Cozinheiro |
1º. Cabo | José António da Costa e Sousa | Auxiliar de enfermagem |
1º. Cabo | José Almeida Carvalho | Mecânico Armas Ligeiras |
1º. Cabo | José Dias da Silva | Apontador de morteiro |
1º. Cabo | Jorge Fernando da Fonseca | Rádio telegrafista |
1º. Cabo | Fernando de Oliveira Rodrigues | Padeiro |
1º. Cabo | Joaquim Pires Correia | Apontador de metralhadora |
1º. Cabo | José Joaquim da Silva Vieira | Apontador de metralhadora |
1º. Cabo | Messias Augusto Moura Róios | Rádio telegrafista |
1º. Cabo | Joaquim Alves Pereira | Atirador |
1º. Cabo | Domingos da Silva Nogueira | Atirador |
1º. Cabo | Manuel dos Santos Marques | Atirador |
1º. Cabo | José Pinto Monteiro | Atirador |
1º. Cabo | Amadeu Henriques da Silva | Atirador |
1º. Cabo | António Lucas de Almeida Caramelo | Atirador |
1º. Cabo | Jorge Manuel Pires Mateus | Atirador |
1º. Cabo | António José Pinto de Castro Agra | Atirador |
1º. Cabo | Angelo Rodrigues Marta Pinto | Atirador |
1º. Cabo | Hermínio Vicente | Atirador |
1º. Cabo | António Fernando Carvalho Guimarães | Atirador |
1º. Cabo | Joaquim Mendes Abrantes | Atirador |
1º. Cabo | Joaquim Pereira da Silva | Atirador |
1º. Cabo | Graciano Caldeira Ribeiro | Atirador |
1º. Cabo | Adérito Gonçalves | Atirador |
1º. Cabo | António Marques Rodrigues | Atirador |
1º. Cabo | Fernando da Costa Carvalho | Atirador |
1º. Cabo | Jorge Manuel Ribeiro de Castro | Operador Cripto |
Soldado | Alfredo Francisco dos Reis | Atirador |
Soldado | Augusto Jorge Tavares de Oliveira | Atirador |
Soldado | Flávio Augusto Gomes da Silva | Mecânico Auto |
Soldado | Aurélio Ferreira de Sousa | Mecânico Auto |
Soldado | Alfredo da Conceição Flórido | Atirador |
Soldado | Manuel Gonçalves Pereira | Atirador |
Soldado | Ernesto da Costa Domingues | Atirador |
Soldado | Carlos Ferreira da Costa | Condutor Auto |
Soldado | Manuel António da Silva Pereira | Condutor Auto |
Soldado | Francisco Jorge Allen Gomes Pereira | Condutor Auto |
Soldado | José Joaquim da Silva Oliveira | Condutor Auto |
Soldado | António de Oliveira Santos | Condutor Auto |
Soldado | Alberto Fernandes da Rocha | Condutor Auto |
Soldado | Delfim Ferreira dos Santos | Condutor Auto |
Soldado | Carlos Gomes | Condutor Auto |
Soldado | António de Oliveira Chaves | Condutor Auto |
Soldado | Cesário Augusto Mota | Transmissões de Infantaria |
Soldado | António Fernando Ribeiro Machado | Condutor Auto |
Soldado | Manuel Galvão | Condutor Auto |
Soldado | José de Castro Neves Ribeiro | Condutor Auto |
Soldado | Emílio Castilho Azenha Andrade | Atirador |
Soldado | Manuel Braga da Silva | Transmissões de Infantaria |
Soldado | Luciano Gonçalves Carreira | Atirador |
Soldado | José Manuel Candeias | Atirador |
Soldado | Manuel Araújo Gomes da Cunha | Corneteiro |
Soldado | Abraão Augusto Quintela | Transmissões de Infantaria |
Soldado | Adelino Martins Pinto | Corneteiro |
Soldado | João Manuel Caldas da Silva | Atirador |
Soldado | Moisés Campos Ribeiro Moreira | Atirador |
Soldado | Rogério Ferreira | Corneteiro |
Soldado | Adriano da Silva Ferreira | Corneteiro |
Soldado | António José da Fonseca Henriques | Atirador |
Soldado | Carolino de Jesus Pereira | Atirador |
Soldado | José de Araújo Duarte Magalhães | Rádio telegrafista |
Soldado | Carlos Fernando Caetano Ramalho | Atirador |
Soldado | Manuel Augusto Domingues | Atirador |
Soldado | Armindo António Ribeiro Pinto | Rádio telegrafista |
Soldado | Joaquim Ramos de Sousa | Atirador |
Soldado | Jorge Carlos Gomes de Almeida | Atirador |
Soldado | António de Sousa | Atirador |
Soldado | António José Cunha dos Prazeres | Atirador |
Soldado | Joaquim Pinheiro da Silva | Atirador |
Soldado | António da Silva Duarte | Atirador |
Soldado | António Correia Valente | Atirador |
Soldado | António Augusto Moreira da Silveira | Atirador |
Soldado | Agostinho Rodrigues Marques dos Santos | Atirador |
Soldado | Fausto Augusto Cardoso | Atirador |
Soldado | António Joaquim Rosa Gonçalves | Atirador |
Soldado | Augusto dos Santos Mateus | Atirador |
Soldado | João Manuel Rodrigues | Auxiliar de cozinha |
Soldado | José Pereira Fernandes | Auxiliar de cozinha |
Soldado | Eduardo Alfredo de Barros Forte | Atirador |
Soldado | José Manuel Osório Monteiro | Atirador |
Soldado | Amadeu Ferreira Santana | Atirador |
Soldado | Francisco Ramos da Costa | Atirador |
Soldado | Almor dos Santos Serra Fernandes | Atirador |
Soldado | David da Cunha Cardoso | Atirador |
Soldado | Secundino Carneiro da Silva | Atirador |
Soldado | José Alexandre da Silva | Atirador |
Soldado | Orlando das Neves | Atirador |
Soldado | Albertino Afonso Fernandes | Atirador |
Soldado | Manuel Figueiredo da Fonseca | Atirador |
Soldado | Mário de Andrade | Atirador |
Soldado | Manuel da Rocha Marques | Atirador |
Soldado | Leopoldo Augusto Neomo Martins | Atirador |
Soldado | Rui Correia Pinto | Atirador |
Soldado | Valdemar Marques de Albuquerque | Atirador |
Soldado | Domingos de Jesus Veríssimo | Atirador |
Soldado | José Walter Outeiro da Fonseca | Atirador |
Soldado | Cesário Gomes | Atirador |
Soldado | Armindo Arcolino da Fonte | Atirador |
Soldado | Silvio da Conceição | Atirador |
Soldado | Manuel da Silva Queirós | Atirador |
Soldado | Manuel Rodrigues Duarte | Atirador |
Soldado | Joaquim José Mesquita Maia | Atirador |
Soldado | Hermínio António | Atirador |
Soldado | José António Borges | Atirador |
Soldado | José Maria Dias de Freitas | Atirador |
Soldado | Augusto da Silva Ferreira | Atirador |
Soldado | Manuel Rodrigues Ribeiro | Atirador |
Soldado | Joaquim Pereira da Silva | Atirador |
Soldado | Raul Augusto Martins Monteiro | Atirador |
Soldado | Domingos Rosa Veiga | Atirador |
Soldado | Amândio Gonçalves Baptista Bota | Atirador |
Soldado | Joaquim Pereira Martins | Atirador |
Soldado | António José Pires Leitão | Atirador |
Soldado | Domingos de Jesus Leitão | Atirador |
Soldado | Evaristo da Silva Carneiro | Atirador |
Soldado | Armindo Pereira | Atirador |
Soldado | Arlindo da Silva Santos | Atirador |
Soldado | Bernardo Fernandes de Sousa | Atirador |
Soldado | António Maria Garcia | Atirador |
Soldado | Virgílio Lima Rodrigues Correia | Atirador |
Soldado | Amadeu Dias Martins | Atirador |
Soldado | António José Pássaro | Atirador |
Soldado | Alfredo Lopes Carneiro | Atirador |
Soldado | Augusto da Costa Sousa | Atirador |
Soldado | José Manuel Ferreira | Atirador |
Soldado | António José da Silva | Atirador |
Soldado | Luís António Carneiro | Atirador |
Soldado | António Natal Manteigas | Cozinheiro |
Soldado | Celestino Neves Pereira | Apontador de morteiro |
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